sábado, 31 de janeiro de 2009

PORTIMÃO VAI TORNAR-SE + ACESSÍVEL

Portimão vai tornar-se cidade mais acessível

Rua do Cemitério, em Portimão: automóveis impedem passagem dos peões
A partir de 2009, Portimão vai ser uma cidade mais acessível. A pensar naqueles que têm maiores dificuldades de mobilidade, a Câmara Municipal vai criar uma rota acessível que será pioneira a nível nacional, tendo também criado o Cartão Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência.
O percurso, que foi apresentado a 3 de Dezembro, Dia Internacional da Pessoa Portadora de Deficiência, vai ter cerca de cinco quilómetros e passará pelos principais pontos da cidade, quer em termos funcionais, quer turísticos, como a Câmara Municipal, os Correios, o Auditório, o Cinema, a Polícia, a Biblioteca, o Museu ou a Marginal.«As cidades têm muitas barreiras e esta é uma forma mais ou menos mágica de resolver algumas destas situações», explicou Paula Teles, presidente do Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade, que marcou presença na cerimónia de apresentação.A rota, com 1,20 metros de largura, que vai estar assinalada no pavimento a amarelo ocre, terá também, segundo Paula Teles, «um trabalho pedagógico, a nível de transmissão que aquele caminho é seguro e, certamente, vai ser muito utilizado intuitivamente pelo maior conforto que aquele piso proporciona».Além de utentes com dificuldades motoras, a rota acessível foi pensada também para invisuais, uma vez que, segundo esclareceu Paula Teles, «alguns cegos não o são totalmente e conseguem distinguir contrastes acentuados. Além disso, ao longo do percurso vão existir indicações em Braille».Isabel Guerreiro, vereadora da Câmara Municipal de Portimão, congratulou-se com a criação desta rota que vai custar 350 mil euros e cujas obras terão início já no começo de 2009. A autarca relembrou ainda o trabalho que a autarquia tem realizado na área da acessibilidade, mas reconheceu que ainda existe muito a fazer. «O Museu, o Teatro e a Biblioteca, que sofreu recentemente obras, já estão adaptados às necessidades de pessoas com mobilidade reduzida, mas continuamos a ter problemas, como no caso dos Paços do Concelho, que é um edifício antigo».A vereadora, que adiantou que está a ser feito um estudo para incluir a questão da acessibilidade no PDM municipal, apresentou ainda o Cartão Municipal da Pessoa Portadora de Deficiência. O documento permite o acesso ao serviço Portimão Solidário, que envia apoio domiciliário para realização de pequenos arranjos domésticos a casa de quem precisa.Além deste serviço, os portadores deste cartão beneficiarão ainda de descontos em várias lojas de comércio tradicional, bem como em vários serviços da responsabilidade do município.Barreiras à mobilidade existem e estão em toda a parteQuem se desloca sem problemas pelas ruas da cidade de Portimão não repara nas barreiras intransponíveis que existem para quem circula, por exemplo, numa cadeira de rodas. João Nunes, que ficou com a mobilidade reduzida devido a um acidente, marcou presença na apresentação da Rota Acessível e do Cartão Municipal para Pessoas portadoras de Deficiência e, apesar de estar «feliz e agradecido» pelas iniciativas da Câmara Municipal, apontou algumas das principais lacunas a nível de acessibilidade que existem na cidade. Para João Nunes, «existem faltas nos transportes públicos. No Vai e Vem não é possível subir em todas as paragens, pois nem todas estão preparadas para permitir a entrada de uma cadeira de rodas».Mas as críticas não se ficam por aqui, uma vez que, segundo ele, «não existem sinais sonoros nos semáforos para os invisuais, há poucas casas de banho adaptadas no centro da cidade e o estacionamento em cima do passeio é uma falta de respeito. Por exemplo, na Rua do Cemitério, temos que ir para o meio da estrada».Por outro lado, defendeu, «não existem acessos para as praias. Quem vem de férias no Verão arrisca-se a ficar num hotel fechado, porque tem uma missão impossível de conseguir aceder à praia», relembra ainda João Nunes.Defendendo que as pessoas portadoras de deficiência devem ser ouvidas na construção de obras públicas, este munícipe mostra-se insatisfeito com o incumprimento da legislação. «Ela existe, mas não é respeitada», concluiu.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Volta a Portugal em cadeira de rodas, contra a Hipócrisia!

Volta a Portugal em cadeira de rodas contra a hipocrisia

Foi um alto quadro de empresas portuguesas. Nas suas funções percorreu oMundo, passando vários anos na Venezuela e Angola. Neste país, o elevadorque estavaa reparar esmagou-o contra o tecto, atirando José Lima para uma cadeira derodas. Agora, aos 52 anos, propõe-se atravessar Portugal num veículoespecialem protesto contra "as gritantes desigualdades" que os cidadãos deficientescontinuam a enfrentar.

"Não temos oportunidade para nada", diz, revoltado, José Lima, indicando oacesso ao emprego "Quando vamos a uma entrevista e nos vêem em cadeira derodas,ficamos sem hipóteses". Mas as queixas são bem mais numerosas: "Os comboios,com a excepção dos alfas e intercidades - os mais caros -, não têm acessopara cadeira de rodas. Nas estações, os funcionários não ajudam. Não consigoir de Viana ao Porto porque não há autocarros preparados, para não falar deoutras questões de acesso, que há muito se debate e pouco se viu fazer".

Por isso, José Lima vai atravessar Portugal, de Viana do Castelo ao Algarve,numa cadeira especial que lhe permitirá pedalar com as mãos. "Faço-o paraqueos políticos sintam que nada fazem e para que a sociedade se deixe dehipocrisias, dando aos deficientes a plena igualdade de oportunidades".

José Lima prevê efectuar o percurso em 21 etapas, percorrendo 35 a 40quilómetros por dia. Escreveu cartas a várias câmaras municipais solicitandoapoiopara a dormida, mas poucas responderam até agora. Algo que não o desmotiva "Levo um saco-cama e dormirei na cadeira de rodas em frente à Câmara de cadacidade onde ficar", disse. A viagem só tem o apoio de uma empresa dePerafita, a "Prós Avós", que cederá a cadeira. O resto é por sua conta. Comos poucosrecursos que tem, José Lima tenciona sobreviver à aventura vendendo oslivros que publicou. "Basta vender dois ou três para comer. Mas não possolevarmuitos por causa do peso".

A escrita surgiu como oportunidade enquanto não arranja emprego. A falta deverba despertou o "engenho" e Lima montou, num dos quartos da casa, umamini-gráfica."Faço todos os processos de criação do livro, desde a escrita, à impressão eencardenação", garante. Com duas publicações já no mercado, tenciona editaroutro título. Depois, quem sabe se a história da sua aventura não estará nosescaparates das livrarias.